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Daniel Lannes inaugura a individual “Dentição”

05/06/2018 - Por ArtRio

No dia 7 de junho, Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura a exposição “Daniel Lannes – Dentição”, com cerca de 12 pinturas inéditas, produzidas este ano, especialmente para esta exposição. O artista sempre usou referências da história da arte em seu trabalho e, para criar as obras desta mostra, partiu das ideias presentes no modernismo brasileiro do escritor Oswald de Andrade (1890-1954), um dos fundadores do movimento iniciado na Semana de Arte Moderna, em 1922.

As pinturas têm como referência as ideias canibalísticas e antropofágicas presentes no
Manifesto Antropofágico, publicado em 1928, no qual Oswald de Andrade afirmava
que “só a antropofagia nos une” e propunha “deglutir” o legado cultural europeu e
“digeri-lo” sob a forma de uma arte tipicamente brasileira.

Nas pinturas, Daniel Lannes reinterpreta essas ideias através de imagens de filmes, músicas, etc. “As referências para a criação das obras são diversas, passando pelo cinema pornochanchada, o churrasco, Copacabana e outros elementos que despertam o apetite visual. Pego imagens históricas e imagens mundanas, que não deixam de ser representações da nossa história, e crio uma narrativa nova”, conta o artista.

Muitas obras são inspiradas em poemas e clássicos da literatura, como é o caso das pinturas “O prodígio”, inspirada no livro “Macunaíma” (1928), de Mário de Andrade (São Paulo, 1893 – 1945), onde o artista pinta uma saia amarela de onde sai um rosto negro, como se fosse o nascimento de Macunaíma, e “O guesa errante”, inspirado no poema homônimo de Sousândrade(Maranhão, 1832 – 1902), importante referência para os modernistas e tropicalistas. O poema é inspirado em uma lenda andina na qual um adolescente indígena, Guesa, seria sacrificado em oferecimento aos deuses. Daniel Lannes pinta uma mulher com os seios de fora, como se estivesse sendo
possuída por um homem.

Outra obra presente na exposição será “A Herança Asmat”, em que ele retrata Oswald de Andrade, misturando com referências da tribo Asmat, que era canibal. Na pintura, Oswald aparece protegido por uma espécie de escudo. Já “Carrossel Napolitano” foi inspirado no clipe da música “Copacabana” (1978), de Barry Manilow, em que ele fala sobre paixão, música e o tradicional bairro carioca.

O Manifesto Antropofágico foi publicado na Revista de Antropofagia, que teve dois volumes, que eram chamados de “Dentição”. Daí o nome da exposição. “A partir dessa palavra fui buscando imagens que não são só ilustrativas, mas que se relacionam com as ideias modernistas”, afirma Daniel Lannes, que ressalta que o manifesto tem muitas referências, que vão desde Freud até a história do Brasil, e, justamente por isso, ele também resolveu misturar as referências em suas pinturas.

Os trabalhos são feitos primeiro em tinta acrílica e depois em tinta a óleo, que dá mais vida à pintura. “A tinta a óleo é mais carnal, tem uma coisa mais visceral”, afirma Daniel Lannes, que parte de uma imagem prévia, muitas vezes composta de diversas referências, para realizar as pinturas. “Preciso de uma imagem para por na tela, vou buscando diversas imagens, recortando e direcionando, vendo o que pode ser montado. Mas há um certo momento em que preciso largar a imagem para resolver a pintura”, conta.

A mostra vai até o dia 7 de julho. A Luciana Caravello Arte Contemporânea fica na Rua Barão de Jaguaripe, 387 – Ipanema. Funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 11h às 15h. Entrada gratuita.

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